domingo, 27 de março de 2011

EXCLUSIVO: Adequações em cemitérios buscam conter impactos ambientais comuns a esses estabelecimentos

Morar próximo a um cemitério pode ser motivo de problema para algumas pessoas. Porém, tal fato não está ligado à morbidade do lugar, e sim, ao impacto ambiental causado por ele. A questão foi discutida, no início do mês, no I Seminário Nacional de Engenharia para Cemitérios, em Curitiba. O evento ressaltou a importância da adequação dos cemitérios a um plano de gestão ambiental.
A maior ocorrência de degradação ao meio ambiente ocasionada pelos cemitérios é a contaminação do solo e, por conseqüência, dos lençóis freáticos, pelo chamado necrochorume, uma substância acizentada que sai dos cadáveres em decomposição. O líquido é formado por 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, sendo que duas delas são tóxicas: a cadaverina e a putrescina.
Elma Romanó, engenheira agrônoma do IEP – Instituto de Engenharia do Paraná – e chefe do escritório do IAP – Instituto Ambiental do Paraná – na cidade de Ponta Grossa, uma das coordenadoras do seminário, comenta que a contaminação da água pode se dar também, por exemplo, através das alças dos caixões, que contêm metais pesados. “Além disso, se a pessoa morreu por uma doença infecto-contagiosa, pode transmiti-la para o lençol freático”, alerta. A engenheira cita um outro exemplo de contaminação: “Se o cadáver morreu de câncer e tiver passado por sessões de radioterapia, pode contaminar a água”, diz.
Elma aponta algumas maneiras de evitar a transmissão de poluentes vindos dos túmulos, como técnicas de impermeabilização. “Foi criado algo parecido com um absorvente, para ser colocado dentro do caixão. Assim, os resíduos vindos do cadáver não contaminam o solo”, afirma. Além disso, estudam-se técnicas de tratamento do necrochorume, bem como o uso de caixões biodegradáveis. Porém, de acordo com ela, é a legislação que deve ser alterada em benefício do meio ambiente.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama – possui uma resolução que propõe o uso adequado dos cemitérios, com o compromisso de não afetar o meio ambiente. Porém, o Governo do Paraná criou uma regulamentação ainda mais restritiva. O secretário de Estado do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, havia dado 90 dias para que os cemitérios irregulares solicitassem licença ambiental, e 180 dias para que os de situação regular pedissem exame ambiental. Porém, o prazo já expirou há muito tempo. Segundo Elma, será marcada uma nova data para que os cemitérios adotem os procedimentos legais.
O modelo de gestão ambiental para cemitérios proposto pode servir de exemplo para outros estados. “Vamos mandar nossas idéias para Brasília, e acreditamos que a legislação federal irá passar por revisão”, diz Elma.

Um comentário:

  1. Muito interessante este lado da análise de impacto e de modelos de gestão, mas... sem comentário...
    Neste mês não houve visitas e entrevistas???

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