domingo, 27 de março de 2011

Casa de velório tem pacote de R$ 40 mil com 'bem-velado' e música ao vivo

Serviço de luxo inspirado em modelo norte-americano é novidade em SP.
Contrato pode incluir bufê com guloseimas e até transmissão pela internet.

A sofisticação nos serviços em São Paulo chegou ao além-morte com a inauguração, há uma semana, do Funeral Home, empreendimento que se apresenta como a primeira casa funerária de luxo da cidade. O diferencial do negócio está na infra-estrutura e na diversidade de serviços oferecidos para um funeral, como a entrega de lembrancinha batizada de “bem-velado” - sim, é o mesmo docinho de casamentos - e até a apresentação de um quarteto de cordas.

A pompa e circunstância do Funeral Home começam pelo imóvel onde a empresa está instalada: um casarão de 1928, com 739 m² de área construída, tombado como patrimônio histórico. A localização também é nobre, uma rua paralela à Avenida Paulista.

A casa tem 26 ambientes, sendo quatro salas de velório batizadas de Roma, São Paulo, Paris e Nova York (cada uma com o seu preço), uma capela ecumênica, banheiros, terraço, deck e até uma sala equipada com televisão de 42 polegadas e computadores conectados à internet. 


Foto: Reprodução/G1

Sala batizada de Paris tem a maior das ante-salas disponíveis para amigos e parentes do morto (Foto: Reprodução/G1)

Mas, para velar um parente no local, é preciso preparar o bolso e não esquecer do amanhã. O serviço mais em conta – que corresponde ao aluguel da sala mais barata - custa R$ 3 mil. O preço pula para R$ 4 mil, caso a família opte pelo serviço de bufê simples, com café, chá, água e biscoitinhos. Para fechar a casa com exclusividade, e ter o pacote com bufê de comidinhas finas doces e salgadas, é preciso desembolsar R$ 40 mil.


'Cardápio'

Para a Funeral Home, velório é um negócio que visa o lucro e envolve prestação de serviço. Há contrato e cláusulas e até uma espécie de “cardápio” onde o cliente confere as opções e escolhe somente as que lhe interessa.

Dependendo do contrato, a família pode se poupar de contatar o Serviço Funerário Municipal, de avisar amigos e parentes e não ter de se preocupar com atestado de óbito nem com anúncio fúnebre em rádio e jornal. Quando dá tempo, é possível até encomendar um vídeo em homenagem ao morto para ser exibido no velório. 


Há ainda o serviço de música ambiente, com seleção inspirada no gosto musical do falecido, por exemplo. Quem não puder comparecer ao velório, poderá assistir a tudo ao vivo pela internet. O serviço ainda vai ser disponibilizado, assim como o envio de condolências por mensagem eletrônica. Um carro com motorista leva a família até o cemitério e ainda há o acompanhamento de um assistente social até o sepultamento.

Além dos comes e bebes, os visitantes podem sair com uma lembrancinha, além do santinho com uma oração. O “bem-velado” pode ser substituído por um saquinho com sementes de girassol e com amêndoas cristalizadas. 

Mudança de hábito

A empresária Milena Braga Romano está no ramo de assistência funerária há sete anos e se inspirou em casas de funeral mundo afora para trazer o conceito para o Brasil. Da idealização até o projeto ficar pronto foram cinco anos.

“Eu ficava indignada de São Paulo, a terceira maior cidade do mundo, não ter um lugar aconchegante e sofisticado para a despedida. É uma coisa inédita aqui no Brasil”, afirma Milena, que aposta na personalização do velório como nicho de mercado a ser explorado.

“A minha idéia é mudar essa concepção de velório em que as pessoas vão até o sepultamento. Não é preciso, esse momento [o enterro] é algo para a família e os mais íntimos. As pessoas podem se despedir em um local central e não ter de ir até o cemitério, que geralmente fica longe”, argumenta.

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