domingo, 27 de março de 2011

Estudo avalia impacto ambiental de cemitérios na Grande São Paulo

Um estudo realizado por estudantes de biologia da Universidade Nove de Julho mostra os cemitérios como fonte potencial de impacto ambiental na Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com as autoras da pesquisa, Susana Alves dos Santos e Deborah Cecilia Menderico, a análise dos procedimentos vigentes de sepultamento indica que a cremação poderia substituir a prática vigente para transformar as áreas dos cemitérios públicos em parques ecológicos, de forma que a flora e fauna local pudessem ser recuperadas.




Sepultura semiaberta localizada no Cemitério Municipal da Vila Nova Cachoeirinha. Crédito: Susana Alves dos Santos.
Sepultura semiaberta localizada no Cemitério Municipal da Vila Nova Cachoeirinha. Crédito: Susana Alves dos Santos.

As autoras explicam que um dos principais problemas encontrados nestes cemitérios é a falta de estrutura e liberação de substâncias nocivas. “O necrochorume apresenta substâncias extremamente tóxicas, como a putrecina e a cadaverina, além de carregar a possível causa mortis de um indivíduo”, afirma Susana. “Essa substância é hidrossolúvel, então, quando a população carente que habita o entorno dos cemitérios consome a água contaminada dos poços artesianos, ingere patógenos que causam problemas de saúde como a diarreia, a cólera, febre tifóide e paratifóide”.
Para o estudo, as pesquisadoras realizaram visitadas a alguns cemitérios e todos apresentaram algum tipo de problema: condições de drenagem do solo, inclinação do terreno, restos de resíduos de exumação, peças e acessórios de caixões e tempo de decomposição que não atendiam aos requisitos do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente – e da CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.




Acúmulo de resíduo de exumação presente no Cemitério Municipal da Vila Nova Cachoeirinha. Crédito: Susana Alves dos Santos.
Acúmulo de resíduo de exumação presente no Cemitério Municipal da Vila Nova Cachoeirinha. Crédito: Susana Alves dos Santos.




Além disso, uma comparação entre a área destinada mostra que necrópoles públicas (46
cemitérios de três subregiões da RMSP), passivas de contaminação ambiental, correspondem a quase três parques do Ibirapuera, ou a 28 parques Guarapiranga.
Os dados preocupam porque são áreas de potencial impacto ambiental. “O que demonstrou problemas mais notórios foi o Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha”, ressalta Susana. “Serve de quintal para as crianças e de passagem para os moradores, apresentando graves problemas de ordem geoambiental; as constantes pilhas de resíduos de exumação, córregos a céu aberto, covas rasas e em alguns casos o afloramento do necrochorume, são os problemas ambientais mais evidentes gerados pela atividade do sepultamento”.
“A proposta é substituir essas áreas por parques ecológicos que propiciem melhor qualidade de vida”, conclui Susana.
A cremação, alternativa proposta no presente estudo, é uma técnica funerária que consiste em queimar o cadáver, para reduzir o corpo a cinzas. Oferece menos riscos ambientais do que o sepultamento do corpo em covas. As cinzas retiradas dos crematórios são geralmente espalhadas nos jardins que entornam os crematórios.

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